Mais uma contribuição da Lolita...
Antigamente dizíamos os homens querendo dizer homens+mulheres, ainda
lemos sobre “os egípcios” como se nunca tivesse havido egípcias.
Igualmente falamos em “dinheiro” para nos referir a várias coisas
muito distintas e nisto reside uma grande parte da dificuldade de
superar o que temos que superar: nós não identificamos bem o que
realmente precisa mudar, quando dizemos que o mundo precisa mudar ou
que um outro mundo é possível, aliás, urgente.
Parte do problemas que teremos de enfrentar se quisermos, finalmente,
evoluir de um planeta inconsciente e socialmente injusto para um
coletivo harmonioso, mais livre e mais responsável, portanto mais
consciente, é desmascarar nossos inimigos íntimos, esses inimigos a
quem damos colo e alimentamos cotidianamente, sem nos darmos conta,
talvez abrigados num sótão, ou debaixo dos nossos lençóis, no baú de
lembranças da infância... onde quer que eles estejam, precisamos
começar a identificá-los e colocá-los nos seus devidos lugares.
Então, sobre a questao do dinheiro, uma boa pergunta para começar
seria “QUAL dinheiro, cara-pálida?” De que dinheiro estamos falando?
...afinal as diferentes épocas e lugares usam sistemas (de pagamento;
de unidade de avaliação e conta; e de reserva de valor material) muito
distintos, com características distintas, características que geram
procedimentos distintos, facilitam certas interações, e dificultam
outras, promovendo determinados valores, sentimentos e condutas, e
desincentivando ou penalizando outros. (O livro O Futuro do Dinheiro,
de Bernard Lietaer explora formidavelmente este tema)
As moedas estatais-nacionais que costumamos ter em mente quando
falamos indiscriminadamente de “dinheiro” são uma particularidade
recente na história.
Dinheiro. em si, não tem nada de ruim, é um invento bem prático. O que
é indiscutivelmente ruim é o dinheiro fiduciário, dogmático, velado,
jurante, acumulador, escravizador, que está sendo criado e mantido em
circulação hoje a bordo de um acordo entre nossos governos e certas
casas bancárias que estão no comando regendo todo o sistema
financeiro.
Fiduciário: não se come esse dinheiro, não se veste esse dinheiro,
isto é: o dinheiro de hoje não serve para mais nada, não tem outra
utilidade ou valor senão intermediar trocas (antes da moeda
fiduciária, foram usadas várias diferentes mercadorias de ampla
aceitação como meio de troca universal – a moeda não começou sendo um
símbolo puro como é hoje). O problema não está em ser fiduciário, isto
é, em ser exclusivamente algo que se aceita porque é um tipo de
mico-preto que confiamos que vamos poder passar adiante, vai ser
aceito novamente quando quisermos adquirir algo. O problema é:
Em quem confiamos?
Dogmático: nós mortais aceitamos o dólar, por exemplo, (apesar de tudo
– e esse tudo sobre o dólar seria um vasto livro à parte) mesmo os EUA
tendo abandonado unilateralmente a promessa feita em Bretton Woods, de
converter um dólar por uma quantidade fixa de ouro, quando criaram o
sistema atual (com o FMI para tomar conta). Aceitamos estritamente
porque é a moeda emitida pela autoridade suprema – os Estados Unidos
da América, o império materialmente mais poderoso principalmente em
termos bélicos e que tem a mais acachapante influência nos níveis do
que hoje chamamos conhecimento. Da mesma forma os brasileiros aceitam
o real porque ele é emitido pelos sumos poderosos... (quem mesmo??) e
ninguém questiona... E não se fala mais nisso!
Velado: não mais que um punhado de pessoas já parou para pensar sobre
o que realmente é o dinheiro, e quem tenta, enfrenta muitos
obstáculos, afinal, as escolas não ensinam, as faculdades criam e
difundem postulações que servem perfeitamente ao propósito de nos
impedir de chegar no âmago das verdades sobre os dinheiros usando um
vocabulário, uma sintaxe e raciocínios impenetráveis para iniciados e
não iniciados. E os meios de comunicação de massa se encarregam de
jogar toneladas de holofotes sobre as fachadas que encobrem quem cria,
quem lucra e como lucra com o atual sistema monetário mundial, quais
os efeitos peculiares que esse dinheiro-de-hoje tem sobre as
feições da nossa vida econômica, e social como um todo.
Jurante: o dinheiro que conhecemos e cremos ser o único possível, é
emitido através da emissão de títulos de dívida - com juros - muito
embora durante 99% da história conhecida os juros tenham sido banidos
pelas leis dos humanos e dos deuses (as escrituras das três grandes
religiões do planeta - judaismo, cristianismo e islamismo -
invariavelmente abominam a usura). Os problemas dos juros são muitos
vou citar só 5. Começa que não temos como escapar, eles estão
embutidos em todos os preços (devido aos financiamentos dos produtores
e os impostos com os quais pagamos as despesas de juros dos governos)
e portanto todos estamos sempre pagando juros, com o agravante de que
quanto mais pobres mais juros ocultos ou contraídos pagamos
percentualmente sobre nossa renda. E eles (2) são impossíveis de
pagar, pois o colocado em circulação é somente o crédito, o valor dos
juros não é emitido.... (3) restando como opções para os endividados
usuários das moedas estatais nacionais jurantes disputarem entre si,
competir pelo dinheiro artificialmente tornado escasso, acumular,
entesourar. Matematicamente é fácil entender que as dividas de (4)
juros sobre juros crescem cada vez mais rápido, exponencialmente, são
uma impossibillidade, afinal o fruto do trabalho das empresas e
pessoas não pode crescer indefinidamente e cada vez mais rápido.. E
(5) por último, não menos importante é o fato de que os juros drenam a
renda de quem não tem para quem não precisa. É o mecanismo que impõe
competição, acumulação e concentração. É o DNA da desigualdade. Quem
quiser enfrentar estes problemas precisa começar a entender as moedas
estatais-nacionais jurantes e seus sacerdotes
Escravizador: porque para pagar aos fabricadores de dinheiro as dividas
de juros, sempre haverá agentes econômicos não fabricadores de dinheiro
que não verão outra opção senão buscar mais uma dose – com juros.
Mas dinheiro pode ser e já está sendo um instrumento transparente,
auto-gerido, injurante, libertário, criador de solidariedade e
fartura. Já há hoje em circulação moedas complementares com vários
propósitos e características específicas. Vale a pena se informar..
Lolita Sala
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terça-feira, 12 de julho de 2011
A EDUCAÇÃO PEDE SOCORRO!!!!
PLS - PROJETO DE LEI DO SENADO, Nº 220 de 2010
| Autor: | COMISSÃO - Comissão de Serviços de Infraestrutura |
| Ementa: | Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional), para facultar a portadores de diploma de curso superior não titulados em nível de pós-graduação o acesso ao magistério na educação superior, nas condições que especifica. |
A tramitação do PLS 220/2010 pode ser acompanhada em: http://www.senado.gov.br/ atividade/materia/detalhes. asp?p_cod_mate=97871
É simplesmente o fim... Estudamos, ralamos, abrimos mão de vida pessoal, para atingirmos um patamar acima e podermos acrescentar a excelência... No entanto, em nome do dinheiro, da economia porca, no aumento do lucro das IES, abrem mão do mínimo de qualidade para favorecimento dos "poderosos"...
Vejam as notícias:
Projeto do Senado libera contratação de professores universitários sem pós
Se aprovado, projeto de lei que deve ir à votação dia 12 alterará a Lei de Diretrizes e Bases e permitirá que graduados sem títulos deem aula em caráter temporário - status que pode ser renovado indefinidamente. Proposta agrada a instituições particulares
Ocimara Balmant, Especial para o Estado - O Estado de S.Paulo 02 de julho de 2011
Discussão. Para Luiz Cláudio Costa, secretário da Educação Superior do MEC, qualidade vai cair com contratação de graduado
"É preciso flexibilizar, porque faltam titulados", diz o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), da Comissão de Educação, Cultura e Esporte e relator do projeto.
O contrato de professor temporário no Brasil não tem legislação específica. Universidades particulares têm autonomia para estabelecer suas regras. Nas instituições federais de ensino, segundo medida provisória que entrou em vigor no mês passado, até 20% dos professores podem ser temporários: eles têm um ano de contrato assinado, podendo ser prorrogado por mais um.
Hoje, mesmo contrariando a LDB, há 28.085 professores sem pós-graduação em instituições de ensino superior do Brasil - 8% do total. Desses, 174 não têm sequer diploma de graduação.
O projeto agrada principalmente aos grandes grupos privados, que tiveram expansão nos últimos anos. Mas representantes de instituições tradicionais demonstram apreensão com a proposta. "Um profissional com experiência tem muito a ensinar, mesmo que não tenha pós-graduação", diz Ana Maria Sousa, vice-presidente acadêmica da Anhanguera Educacional. "Por outro lado, há aqueles que terminam a graduação e já emendam com o mestrado e com o doutorado. Que experiência eles têm para passar?" Ela critica o fato de o projeto não abranger os efetivos. "Se esse profissional é um bom professor, por que o contrato é temporário?"
Carência. O diretor jurídico do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), José Roberto Covac, também é favorável. Ele diz que a lei vai ajudar principalmente as regiões com carência de profissionais titulados. "Vários cursos, como Petróleo e Moda, quase não têm nem graduados formados. Nas áreas de Engenharia e Tecnologia, se precisar de professor titulado para autorizar o curso, não consegue achar."
Fábio do Prado, reitor do centro universitário da FEI, discorda. "A pós- graduação dá ao professor um projeto pleno que favorece nosso alunado", diz. Dos 300 professores da instituição privada, 85% são mestres e doutores. "Nunca tivemos dificuldade em encontrá-los."
O vice-diretor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), professor José Roberto Piqueira, endossa essa visão. Para ele, algumas universidades reclamam da escassez de titulados não porque haja falta deles no mercado, mesmo em regiões mais distantes do eixo Rio-São Paulo. O gargalo seriam as más condições de empregabilidade que as instituições oferecem.
"Quando abro uma vaga, tenho dez engenheiros doutores interessados. Todos dispostos a lecionar. O problema é que muitas particulares querem pagar muito pouco pela hora-aula e ainda o colocam para dar 30 horas semanais. E eles ficam sem tempo para se dedicar à pesquisa."
O valor da hora-aula de um professor é mais alto quanto maior é a sua titulação. Um docente que tenha somente a graduação custa bem menos que um doutor.
Para Piqueira, se o projeto for aprovado, as universidades iriam em direção contrária às aspirações do mercado. "Embraer e Petrobrás têm seus próprios programas de mestrado. Se a indústria acha importante, a universidade não vai achar?"
O Secretário da Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Luiz Cláudio Costa, admite que a contratação de docentes sem pós-graduação é comum em instituições do País todo, mas afirma que professores com pós-graduação são fundamentais para a melhoraria da qualidade dos cursos. "Se permitirmos docentes sem titulação, vamos reduzir a qualidade."
Costa também afirmou que, caso o projeto seja aprovado, o MEC usará estratégias para desestimular a contratação dos temporários. "Não poderemos impedir quem não tem pós, mas posso valorizar os titulados."
PARA ENTENDER
Títulos influem em avaliação
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), as universidades e centros universitários devem ter um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado.
A titulação dos professores também é levada em conta na composição do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), que analisa as instituições, os cursos e o desempenho dos estudantes.
A nota do curso varia de um a cinco e é na composição dela que é considerado o perfil do corpo docente.
Para conseguir a nota máxima, os bacharelados e licenciaturas precisam ter 80% dos docentes com titulação obtida em programas de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado).
Nos cursos de graduação tecnológica (mais rápidos e com conteúdo voltado para o mercado), o índice mínimo de mestres e doutores para a obtenção da nota máxima (conceito 5) deve ser de 60%.
Títulos influem em avaliação
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), as universidades e centros universitários devem ter um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado.
A titulação dos professores também é levada em conta na composição do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), que analisa as instituições, os cursos e o desempenho dos estudantes.
A nota do curso varia de um a cinco e é na composição dela que é considerado o perfil do corpo docente.
Para conseguir a nota máxima, os bacharelados e licenciaturas precisam ter 80% dos docentes com titulação obtida em programas de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado).
Nos cursos de graduação tecnológica (mais rápidos e com conteúdo voltado para o mercado), o índice mínimo de mestres e doutores para a obtenção da nota máxima (conceito 5) deve ser de 60%.
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